quinta-feira, 12 de março de 2009

Hoje tive um sonho que me deixou muito angustiado. Eu estava no topo de um prédio muito alto de formato circular, onde tinha uma espécie de brinquedo de parque de diversões em que era preciso subir em uma escada de plástico muito frágil e sem corrimão para entrar. Minha primeira reação foi a de temer a altura, de cair, senti uma vertigem estranha e deitei no topo do prédio, meu coração batia forte. Quando estava deitado eu tentava me convencer que não é legal ceder ao medo e resolvi, tremulo, subir a escada estreita, que não parecia suportar meu peso. Subi em cima da escada exatamente no momento em que ela estava sendo recolhida e eu estava caindo e acordei.




É engraçado que não costumo sentir medo de altura, não mais, e tenho pouco medo das coisas óbvias que assustam todo mundo, mas a verdade é que eu confirmei um medo muito mais perigoso, o medo de falhar, o medo que vem da insegurança, de se sentir uma merda, medo de sair do apartamento, da minha zona de conforto, lugar que se tornou uma espécie de refúgio, para correr atrás das coisas, sem temer o fracasso, o que vejo no espelho, e percebi que esse medo se opõe a outro tipo de medo, igualmente angustiante, o medo de ter medo, de sucumbir e me tornar escravo do medo, de deixar ele me dominar, de ficar em casa, me auto-oprimindo. Esses dois tipos de medo são contraditórios, me confundem, alimentam um ao outro e convergem para o mesmo lugar, um labirinto em que eu não posso mais ficar.

Eu estou sendo confrontado. Confrontado por mim mesmo. Eu tenho a resposta para todas as minhas dúvidas, não tive que ser um gênio para chegar a essa conclusão, eu sei como buscar a solução para o meu problema. Hoje o quiroga me falou;


"A falta de autonomia e a dependência que sua alma sente em relação a outras pessoas será superada quando você faça valer seus próprios desejos e se atreva despudoradamente a experimentá-los na prática cotidiana."




fazer valer; ter coragem, determinação, fé;
dar, acreditar, ver;
empenhar, dar a palavra;
fazer, outorgar certeza;
confiar.

reconfortante e angustiante.

O que falta a você não será preenchido por um trabalho, por dinheiro ou por um belo par de olhos apaixonados. O que falta a você será preenchido com coragem suficiente para fazer valer seus próprios desejos e aspirações.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Quando a obviedade do que precisa ser mudado deixa de bater na porta, e entra pelas beiradas, pela presta da janela, assoviando aquele barulho de vento correndo pelos aposentos vazios, contornando os espaços dos corredores até a porta se abrir num estrondo, de que forma que é impossível não respirar aquela ventania rápida e feroz que invade a sala trazendo a luz de fora, o que precisa ser mudado precisa ser levado com o vento.

É claro que é difícil encarar sem lágrimas nos olhos a ventania, é claro que os olhos levam um certo tempo para se acostumarem com a claridade que invade, mas a porta já não pode ser mais fechada.