domingo, 12 de junho de 2011

a vida desnecessariamente miserável do pequeno burguês

Eu acho, e não tenho certeza, de que foi Baudelaire quem disse que preferia ser flaneur, emergido em sua experiência de observar o mundo, do que passar simplesmente seus dias a teorizar, escrever sobre a vida eximindo-se dela, ou talvez tenha sido Oscar Wilde que preferia ser dandi, quase ele mesmo um Dorian Gray, bon vivant desafiando a culpa, a moral, o tempo... Anyway, eu comecei falando sobre isso buscando uma certa comparação entre minha vida e a desses mitos urbanos do século XIX, mas fico pensando o quanto o flaneur era um observador da pequena vida que acontecia no labirinto da cidade grande, com um olhar cético, basicamente analítico até perder-se em devaneios e sobre o quanto o dandi era uma figura que vivia na superficialidade dos prazeres banais e me pego pensando que eu devo ser mesmo o homem comum que eles olham atrás das janelas das pequenas propriedades privadas, dos pequenos universos urbanos que compõem um mosaico calendoscóipico, em constante movimento circular, repetido padrões de comportamento, um hamster correndo em círculos, preso em sua gaiola...

e eu vejo minha vida de fora, onde a interferência já está contida no destino, and there's no freedom, just a script - como se fosse um filme dentro de um filme dentro de um filme (ad inf.)